Insucesso no Ensino/Aprendizagem da Matemática
terça-feira, junho 20, 2006
Um estudo inédito realizado por investigadores da Universidade de Aveiro indica que as famílias portuguesas gastam entre 200 a 250 euros por mês em explicações do 12º ano, o que coloca em causa o princípio da equidade no acesso à educação.
Os investigadores basearam-se num inquérito por questionário que tem sido respondido por todos os alunos do 12º ano das quatro escolas secundárias locais.Conforme noticiou o Diário Digital, um dos resultados já apurados é que 62% dos alunos recorrem a explicações e têm cerca de 10 horas semanais de aulas particulares, o que obriga as famílias a desembolsarem entre 200 a 250 euros por mês.De acordo com o investigador Alexandre Ventura, ao contrário do que acontecia há alguns anos, não são apenas os alunos mais fracos que recorrem ao apoio pedagógico fora da escola. «Hoje, são muitos os alunos bons que precisam de explicações, porque 18 valores não lhes chegam para os cursos de grande peso social, como Medicina ou Arquitectura», sustentou.
quinta-feira, junho 01, 2006
Ministério propõe que pais participem na avaliação dos professores
"Ministério da Educação (ME) quer que os pais passem a participar na avaliação do desempenho dos professores dos filhos, necessária para a progressão na carreira dos docentes.
Segundo a proposta de alteração do Estatuto da Carreira Docente (ECD) que o Ministério apresenta hoje à comunicação social e aos sindicatos, cada encarregado de educação individualmente vai fazer uma avaliação do trabalho dos professores que dão aulas aos seus filhos, uma apreciação que será depois tida em conta, juntamente com outros factores, para a subida de escalão por parte dos docentes.
Segundo a proposta de alteração do Estatuto da Carreira Docente (ECD) que o Ministério apresenta hoje à comunicação social e aos sindicatos, cada encarregado de educação individualmente vai fazer uma avaliação do trabalho dos professores que dão aulas aos seus filhos, uma apreciação que será depois tida em conta, juntamente com outros factores, para a subida de escalão por parte dos docentes.
A proposta da tutela prevê ainda que os professores tenham de prestar provas para subir na carreira, que passará a dividir-se em dois graus ou categorias, independentemente dos dez escalões em que está actualmente organizada.
...A intenção do ME é fazer depender a progressão na carreira docente do mérito dos professores, aferido através de vários mecanismos de avaliação do desempenho."
quinta-feira, maio 18, 2006
Que Professores para as Nossas Escolas?
"Nas infindáveis discussões sobre a educação e o ensino, há um aspecto crucial que costuma ser deixado de lado. Trata-se da simples observação seguinte: a chave para qualquer melhoria do sistema e dos seus resultados está nos professores. São também importantes factores como manuais e programas, laboratórios e instalações, mas no centro de tudo estão os professores e a sua qualidade.
Se isto é assim, devia ser posto o maior cuidado na questão de saber quem pode ser professor, como são formados os professores, como são contratados os professores.
Ora, manda a verdade que se diga que esse cuidado não tem existido. De todo. E não é possível levar a sério nenhuma política de melhoria do ensino que não modifique esta triste realidade.
Se isto é assim, devia ser posto o maior cuidado na questão de saber quem pode ser professor, como são formados os professores, como são contratados os professores.
Ora, manda a verdade que se diga que esse cuidado não tem existido. De todo. E não é possível levar a sério nenhuma política de melhoria do ensino que não modifique esta triste realidade.
(...)Em segundo lugar, há o problema do sistema de contratação de professores pelo Estado. Aqui a situação seria cómica, se não fosse trágica. Repare o leitor: o Ministério da Educação usa a simples nota da licenciatura para ordenar os candidatos aos concursos de professores! Não é preciso ser um génio para perceber a que é que conduz este sistema. Por todo o lado vemos instituições de formação de professores a inflacionar as notas dos seus estudantes, por vezes tanto mais quanto menos qualidade elas próprias, instituições, têm.
Que mensagem manda este sistema às instituições? Pois que sejam medíocres, não liguem à qualidade dos estudantes, dos docentes, dos cursos, mas garantam notas altas, para passar os seus diplomados à frente dos outros. Que governante pode olhar para isto e não se sentir responsável por tal situação de "batota institucional"? E não seria difícil conceber um sistema para corrigir esta situação. "
Entrevista a António Nóvoa vice-reitor da Universidade de Lisboa
"É justa a queixa dos professores de que muitas vezes lhes é exigido que façam sozinhos o papel de educadores, substituindo-se aos pais em algumas tarefas que lhes competiam?
Sem dúvida. Historicamente, a escola foi procurando compensar a fragilidade das famílias, e da sociedade, assumindo um número cada vez maior de missões. Tudo, mas mesmo tudo, foi passando para dentro das escolas. Como se fosse possível resolver todos os problemas das crianças e dos jovens no espaço escolar. Não é. Importa, por isso, recentrar a escola nas tarefas da aprendizagem e, ao mesmo tempo, reforçar um espaço público no qual as famílias e as comunidades assumam as suas próprias responsabilidades."
Gabriel Mithá Ribeiro
"Docentes estagiários como eu fui, foram formados tendo por base princípios aberrantes, que ainda funcionam. A ideia mestra do paradigma das ciências da educação era de que tudo se devia centrar no aluno, ao professor cabia o papel de o ajudar a iluminar o caminho que conduzisse ao seu direito inato à felicidade. Daí decorria tudo o resto: os programas eram secundários e tinham de se adaptar às características dos alunos. Cumpri-los não era importante, desde que os alunos se sentissem integrados. A autoridade era uma questão secundária, pois o «bom selvagem» dela não necessitava e, caso fosse necessário, ele próprio construiria as suas regras. Mais do que a avaliação, a auto-avaliação deveria ser incentivada e foi mesmo revertida, em lei. Era preciso dar largas à auto-aprendizagem e ao aprender a aprender, mais do que transmitir conhecimentos.
Em suma, quanto mais apagado fosse o papel do professor, tanto melhor. Tínhamos de perceber que não ensinávamos, eram os alunos que aprendiam; não avaliávamos, era importante a auto-avaliação dos alunos; e, já agora, não modelávamos comportamentos, mas, acima de tudo, devíamos despir-nos de preconceitos culturais e de adultos e negociar regras. Para eventuais dificuldades existiam os contratos pedagógicos. Portanto, a nossa formação, enquanto docentes, servia para nos provar quão preciosos eram os alunos e quão inúteis eram os professores, numa espécie de esfarrapada autocomiseração docente."
Em suma, quanto mais apagado fosse o papel do professor, tanto melhor. Tínhamos de perceber que não ensinávamos, eram os alunos que aprendiam; não avaliávamos, era importante a auto-avaliação dos alunos; e, já agora, não modelávamos comportamentos, mas, acima de tudo, devíamos despir-nos de preconceitos culturais e de adultos e negociar regras. Para eventuais dificuldades existiam os contratos pedagógicos. Portanto, a nossa formação, enquanto docentes, servia para nos provar quão preciosos eram os alunos e quão inúteis eram os professores, numa espécie de esfarrapada autocomiseração docente."
GABRIEL SÉRGIO MITHÁ RIBEIRO
quinta-feira, abril 27, 2006
"Qué es lo que hace que un adulto inteligente pueda apasionarse por las matemáticas hasta un grado de adicción difícil de imaginar y que otro, posiblemente tanto o más inteligente, vaya proclamando constantemente su repugnancia y su inutilidd para ellas?
Una pregunta tal vez más simple, por encontrarse al principio de la historia de cada individuo. De qué depende el hecho de que un niño que entra en una escuela llegue a encontrar fascinante el quehacer proprio de las matemáticas y otro en cambio se convierta en profundo aborrecedor de ellas para toda su vida?
Existen emociones en la matemática? Las actitudes señaladas anteriormente parecen apuntar que, al menos, existe un enorme caudal de afectividad en torno al quehacer matemático y que la toma de posición inicial respecto de la matemática, es capaz de generar actitudes que perduran toda la vida."
Una pregunta tal vez más simple, por encontrarse al principio de la historia de cada individuo. De qué depende el hecho de que un niño que entra en una escuela llegue a encontrar fascinante el quehacer proprio de las matemáticas y otro en cambio se convierta en profundo aborrecedor de ellas para toda su vida?
Existen emociones en la matemática? Las actitudes señaladas anteriormente parecen apuntar que, al menos, existe un enorme caudal de afectividad en torno al quehacer matemático y que la toma de posición inicial respecto de la matemática, es capaz de generar actitudes que perduran toda la vida."
Miguel de Guzmán, 2000
quarta-feira, abril 19, 2006
Estudo revela que maioria dos alunos gosta de Matemática mas dedica-se pouco
"Mais de metade dos jovens portugueses entre os 14 e os 17 anos gostam de Matemática, mas dedicam-se pouco à disciplina, o que apontam como a principal causa dos fracos resultados, revela um estudo hoje divulgado.
De acordo com o estudo "Os Estudantes, a Matemática e a Vida Financeira", realizado pela Área de Planeamento e Estudos de Mercado através de 404 entrevistas, 54 por cento dos alunos desta faixa etária dizem gostar de Matemática e três em cada quatro reconhecem mesmo a importância desta disciplina na vida activa.Apesar disso, os números e equações representam um "quebra-cabeças" para mais de um terço dos jovens e obrigam os estudantes a mais horas de estudo, quando comparado com outras disciplinas como a Língua Portuguesa.Um em cada quatro alunos dedica à Matemática mais de três horas semanais, um período que é, ainda assim, considerado insuficiente por parte dos jovens, uma vez que a falta de dedicação à disciplina é a justificação apontada pela maioria para o fraco aproveitamento."
De acordo com o estudo "Os Estudantes, a Matemática e a Vida Financeira", realizado pela Área de Planeamento e Estudos de Mercado através de 404 entrevistas, 54 por cento dos alunos desta faixa etária dizem gostar de Matemática e três em cada quatro reconhecem mesmo a importância desta disciplina na vida activa.Apesar disso, os números e equações representam um "quebra-cabeças" para mais de um terço dos jovens e obrigam os estudantes a mais horas de estudo, quando comparado com outras disciplinas como a Língua Portuguesa.Um em cada quatro alunos dedica à Matemática mais de três horas semanais, um período que é, ainda assim, considerado insuficiente por parte dos jovens, uma vez que a falta de dedicação à disciplina é a justificação apontada pela maioria para o fraco aproveitamento."
"...Para melhorar o aproveitamento à disciplina, os jovens entrevistados consideram necessário aumentar a sua concentração nas aulas, colocar mais dúvidas aos professores e fazer exercícios diariamente, uma intenção que os autores do estudo consideram ter "sérias dificuldades de implementação".
terça-feira, março 28, 2006
Factores Sociais
"As crianças originárias de famílias onde não predominam os valores da cultura da maioria tendem a ser vistas como menos «educáveis» e mais sujeitas ao insucesso do que as originárias da maioria."
(in http://www.eselx.ipl.pt/cidadania/cidadania/igualdade.htm, consultado em 28 de Março de 2006)
quinta-feira, março 23, 2006
Comboio da Matemática
"Um aluno que chega ao 6.º ou 7.º ano e perde o comboio da Matemática, nunca mais volta a apanhá-lo. Se não existirem avaliações nacionais, se não houver uma forma sincronizada de medir qual é o desempenho do aluno em termos daquilo que é esperado, ele se calhar nunca vai perceber que perdeu completamente o comboio, que está completamente de fora. Infelizmente é o que se passa e daí os 60 por cento de negativas no exames do 12.º ano. Isto não quer dizer que os miúdos sejam infradotados para Matemática, mas sim que se calhar o sistema não promoveu que eles percebessem que têm de ter uma atitude de esforço, de estudo constante e de acompanhar as coisas, porque senão estão perdidos. Depois, aos 18 anos, quando se dão conta, já é tarde."
Adaptado de "Entrevista a Jorge Buescu: O que se aprende nas escolas é uma espécie de Matemática pimba", Clara Viana, publicado na revista "Pública" do jornal Público (6 de Novembro de 2005)
quarta-feira, março 15, 2006
A família...
"A demissão dos pais da educação dos filhos é hoje uma das causas mais referidas para explicar o insucesso escolar. Envolvidos por inúmeras solicitações quotidianas, muitas vezes nem tempo têm para si próprios, quanto mais para dedicarem à educação dos filhos. Quando se dirigem às escolas, raramente é para colaborarem, colocando-se quase na atitude de meros compradores de serviços, exigindo eficiência e poucos incómodos na sua prestação."Será esta a realidade das famílias portuguesas?
(adaptado de http://educar.no.sapo.pt/Insucesso.htm em 15 de Março de 2006)
terça-feira, março 14, 2006
É altura de agir!
"Em Portugal, todos os anos saem do sistema educativo cerca de 17 mil alunos sem completarem o ensino básico. O resultado acumulado desta situação, ano após ano lectivo, traduz-se na existência de 200 mil jovens com menos de 24 anos sem a escolaridade obrigatória.
Quando comparados estes números com a média da OCDE, depressa se constata que Portugal fica muito aquém dos outros países: 49 por cento dos jovens portugueses com idade entre os 20 e os 24 anos têm escolaridade inferior ao nível secundário e não se encontram a estudar, em comparação com os 15 por cento dos países de referência.
Perante este cenário, que tem consequências extremamente negativas para desenvolvimento do país, é fundamental contar com a mobilização de todos os intervenientes no processo educativo no sentido de inverter esta situação."
Quando comparados estes números com a média da OCDE, depressa se constata que Portugal fica muito aquém dos outros países: 49 por cento dos jovens portugueses com idade entre os 20 e os 24 anos têm escolaridade inferior ao nível secundário e não se encontram a estudar, em comparação com os 15 por cento dos países de referência.
Perante este cenário, que tem consequências extremamente negativas para desenvolvimento do país, é fundamental contar com a mobilização de todos os intervenientes no processo educativo no sentido de inverter esta situação."
(in http://www.professores.pt/2/65.np3 consultado em 14 de Março de 2006)
segunda-feira, março 13, 2006
Apresentação
Somos estudantes do 4º ano do Ramo de Formação Educacional de Matemática, da Universidade de Coimbra e estamos a desenvolver um trabalho no âmbito da cadeira de Introdução à Realidade Escolar II subordinado ao tema Insucesso no Ensino/Aprendizagem da Matemática.
Este blog tem como objectivo (re)lançar a discussão acerca desta temática, a qual só será possível com a colaboração de todos vós.
Agradecemos desde já o vosso interesse e colaboração, comentando os nossos posts.
Carla Lourenço, Christine, Mónica e Rafaela.