quinta-feira, maio 18, 2006

Gabriel Mithá Ribeiro

"Docentes estagiários como eu fui, foram formados tendo por base princípios aberrantes, que ainda funcionam. A ideia mestra do paradigma das ciências da educação era de que tudo se devia centrar no aluno, ao professor cabia o papel de o ajudar a iluminar o caminho que conduzisse ao seu direito inato à felicidade. Daí decorria tudo o resto: os programas eram secundários e tinham de se adaptar às características dos alunos. Cumpri-los não era importante, desde que os alunos se sentissem integrados. A autoridade era uma questão secundária, pois o «bom selvagem» dela não necessitava e, caso fosse necessário, ele próprio construiria as suas regras. Mais do que a avaliação, a auto-avaliação deveria ser incentivada e foi mesmo revertida, em lei. Era preciso dar largas à auto-aprendizagem e ao aprender a aprender, mais do que transmitir conhecimentos.
Em suma, quanto mais apagado fosse o papel do professor, tanto melhor. Tínhamos de perceber que não ensinávamos, eram os alunos que aprendiam; não avaliávamos, era importante a auto-avaliação dos alunos; e, já agora, não modelávamos comportamentos, mas, acima de tudo, devíamos despir-nos de preconceitos culturais e de adultos e negociar regras. Para eventuais dificuldades existiam os contratos pedagógicos. Portanto, a nossa formação, enquanto docentes, servia para nos provar quão preciosos eram os alunos e quão inúteis eram os professores, numa espécie de esfarrapada autocomiseração docente."
GABRIEL SÉRGIO MITHÁ RIBEIRO
in http://www.gradiva.pt/livro.asp?L=100196, consultado em 18 de Maio de 2006

4 Comments:

At 25 maio, 2006 22:55, Anonymous Anónimo said...

Gosto deste texto, o que aqui é dito não é formação de professores deve ser outra coisa que não sei definir. Acredito que vale tudo para descarregar a culpa nos outros. O que aqui é dito é mau demais para ser verdade, a questão ficará sempre, só denunciou agora?
A formação inicial que teve é a que pratica? Será? Se o for qual a razão deste texto? Se não o foi como faz então agora?

Vladimiro Machado

 
At 02 junho, 2006 13:11, Blogger Jaime Carvalho e Silva said...

É verdade que há maus orientadores de estágio, mas essa é uma função quer não é devidamente valorizada, não é devidamente apoiada e as pessoas não são seleccionadas por critérios de qualidade. Até devemos é ficar admirados como é que há tantos bons orientadores de estágio!

Sobre o papel central do aluno o texto incorre num equívoco fundamental. O papel central na escola deve ser o do aluno: sem alunos a escola não existe. O difícil é saber como exercer e avaliar tal papel. Sugiro uma pequena leitura de Sócrates:

"É por isso que não possuo sabedoria e não posso gabar-me de nenhuma descoberta que a minha alma tenha produzido. Em compensação, aqueles que convivem comigo, embora a princípio pareçam ignorantes, fazem maravilhosos progressos à medida que recebem a minha influência, se o deus assim lhes permite, não só na sua opinião, mas também na dos outros. É claro, como o dia, que não aprendem nada comigo e encontram em si mesmos as belas coisas que dão à luz; mas, se as conceberam, foi graças ao deus e a mim."

A
Invenção da Escola na Grécia

 
At 21 fevereiro, 2007 00:17, Anonymous Anónimo said...

Best regards from NY! blackjack In bay camping Health and fitness center in lindenhurst il Prince albert pain relief Scripts for digital paintball The punisher video game pics Residential saunas sauna suits best saunas.com east sussex paintballing games 40 fioricet mcse subaru 2003 paintball depo Electric vs gas dryers Hiking boots black paintballing potters bar soft contact lens Lawn for a football field Swiss olympic hockey jersey paintballing near congleton

 
At 03 março, 2007 13:04, Anonymous Anónimo said...

Very nice site! » » »

 

Enviar um comentário

<< Home